Ayahuasca, Saúde Mental e Práticas Afrocentradas
14 de maio de 2025 das 17h30 às 19h (horário de Brasília)
Este fórum comunitário do Chacruna Latinoamérica propõe uma reflexão sobre o tema do potencial decolonizante da medicina ayahuasca em termos do fortalecimento de identidades, cosmovisões e práticas de saúde mental afrocentradas. Os entrevistados falarão sobre as relações entre ayahuasca, memória, conhecimento da ancestralidade, corporalidade, saúde mental e afrocentricidade. A conversa também será em memória do dia 13 de maio, dia de celebração das muitas lutas que resultaram na abolição da escravatura em 1888 no Brasil. Os entrevistados serão Max Nunes, que é ayahuasqueiro, facilitador de medicinas e psicólogo formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) de Rio das Ostras, com sólida atuação na interseção entre a psicologia e as tradições ancestrais; Marcelo Adão, que é bacharel em Artes Plásticas pela Escola Guignard-UEMG, com especializações em desenho, gravura e arteterapia; professor de Arte, Identidade e Cultura, com foco no sofrimento psíquico de populações afrodescendentes frente ao racismo estrutural e às heranças da escravização. A moderação será feita por Lígia Platero, historiadora e antropóloga, doutora em Ciências Humanas com ênfase em Antropologia Cultural pela UFRJ (PPGSA/IFCS), e associada de Programas Educativos do Instituto Chacruna.
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Max Nunes é ayahuasueiro, facilitador de medicinas e psicólogo com sólida formação e atuação na interseção entre a psicologia e as tradições ancestrais. Formado pela Universidade Federal Fluminense de Rio das Ostras, iniciou seus estudos sobre a ayahuasca e outras medicinas em 2016, explorando os feitios e saberes originários que moldam suas práticas. Como pesquisador da afrocentricidade, Max direciona seu trabalho para os desdobramentos do inconsciente na população preta, enfatizando a importância da ayahuasca como protagonista em transformações cosmoperceptivas e no processo de decolonização do inconsciente. Crítico das práticas que afastaram as medicinas de seus eixos civilizatórios originais, ele questiona o embranquecimento da ayahuasca promovido por comunidades científicas, doutrinas e religiões, que descaracterizaram sua cosmogonia ancestral e resultaram em seu apagamento étnico. Max Nunes se destaca por orientar seus estudos e práticas terapêuticas a partir de uma visão que resgata e valoriza a ancestralidade, integrando saberes tradicionais e contemporâneos para promover uma saúde mental mais inclusiva, autêntica e voltada para pessoas que normalmente não teriam acesso a esses conhecimentos.
Marcelo Adão é natural de Itabira (MG), filiado à ICEFLU desde 2005 e já visitou o Céu do Mapia e a Floresta Nacional do Purus em quatro oportunidades. Formado em Artes Plásticas pela escola Guignard-UEMG com especialização em desenho e gravura, posteriormente se especializou em Arteterapia pelo Integrate-FAVI, desenvolvendo processos de atendimento a idosos com Alzheimer, com jovens adultas em vulnerabilidade social e trabalhando também com dependência química e saúde mental. Também se especializou em Envelhecimento Ativo, Subjetividade e Arte pela Clinica Pomar-FAVI e em Cuidados Paliativos e Terapia da Dor pela PUC-MG. Como professor de Arte, Identidade e Cultura, Marcelo Adão busca trabalhar a questão da ancestralidade africana através de uma perspectiva Junguiana e analítica do trauma ancestral, relacionando o sofrimento mental das populações afro-descendentes aos processos da escravização e do racismo estrutural persistentes na cultura brasileira. Participa do grupo Academia Vegetalista, que é um projeto ligado à Oficina da Folha na cidade de Lumiar-Galdinópolis (RJ) desenvolvendo a Arteterapia Vegetalista, a qual busca a reconexão com os elementos da natureza através das experiências com ampliadores de consciência e tem a arte como mediadora dessa integração. Seu trabalho apresenta a experiência com as imagens primordiais, relacionando as imagens do inconsciente e o processo das mirações através da ayahuasca, tendo a arte como ferramenta integradora da experiência psicodélica.
Lígia Duque Platero é Associada de Programas Educativos do Instituto Chacruna. Ela tem uma formação interdisciplinar em história, antropologia e Estudos Latino-americanos. Ela possui bacharelado (2005) e licenciatura (2006) em história pela Universidade de São Paulo (USP). Ela possui um mestrado em Estudos Latino-americanos pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM, 2012), na Cidade do México, abordando as políticas indigenistas de educação no Brasil e no México, no período entre 1940 e 1970. Ela possui um doutorado em Ciências Humanas, com ênfase em antropologia cultural (2018), pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/IFCS). Sua tese abordou as reinvenções, transformações e trocas em meio à aliança entre o povo indígena Yawanawá (Pano) e uma igreja urbana do Santo Daime. Seus principais interesses de pesquisa são: ayahuasca, medicinas da floresta e relações interétnicas, mudanças culturais, interseccionalidade, Yawanawá (Pano), Santo Daime, turismo étnico, indigenismo e direitos indígenas. É pesquisadora associada do NEIP.